domingo, 27 de janeiro de 2008

I can't remember anything

Há muito que era pensada e discutida. Aproveitando uma conjugação de factores propícios, concretizou-se. Falo da visita à exposição Berardo.

O dia começou abusivamente madrugador, pelo menos para os meus padrões recentes, com a saída para o casino na noite anterior e a conversa até às tantas a não ajudarem no despertar. Detalhes. Para compensar, houve pequeno-almoço, com bolo incluído, algo raro nestes dias. Devidamente preparados, seguimos viagem para Belém. E aqui começa (ou será que acaba?) o meu prodigioso sentido de orientação. Sem qualquer engano, estaciono o carro num lugar equidistante do CCB e dos pastéis de Belém, já antecipando o apetite voraz pela cultura… gastronómica. Ainda assim, seguimos para a exposição, chegando às 11h e 40. Com um timing perfeito, apercebemo-nos que a visita guiada começaria dentro de poucos minutos. Aproveitámos o tempo que restava para conhecer o espaço exterior circundante, com destaque para o jardim da água. Um conselho amigo, não se deixem iludir pelo aspecto confortável dos bancos à entrada da exposição, o conchego é rapidamente dissipado pelo contacto agreste com a superfície dura dos mesmos. O guia chega e dá início à apresentação. Para um leigo como eu, a exposição resume-se a obras de arte dignas desse nome e outras a roçarem o cómico pelo que valem. Uma tela branca a exibir-se a si mesmo e não como suporte de pintura, uma tela monocromática num azul patenteado por Ives Klein, as linhas perpendiculares e paralelas de Mondrian, a busca incessante do inconsciente de Miró, entre outros, são os exemplos que mais me chocam. Mas, para mim, o fascínio, nestes casos, reside nas diversas interpretações das obras, que o guia debitava quase mecanicamente, capazes de construírem um mundo que extrapola por completo a realidade visível das mesmas. Acabada a apresentação da exposição, vagueámos um pouco por algumas das salas que ainda não tínhamos visto. Com o (meu) relógio biológico já a dar horas, o que provocou um ligeiro desnorteamento para encontrar a saída, seguimos para os pastéis de Belém. Para não variar, a fila estendia-se pelo passeio, ainda assim com tamanho insuficiente para nos demover do nosso propósito. Já aviados com lembranças para as famílias, partimos para casa com um dilema premente: o que almoçar? Recorrendo aos nossos vastíssimos dotes culinários, optámos pela lasanha (cozinhada no microondas), que se revelou um tudo-nada salgada. Da salada, qual acepipe, não me pronuncio, desconfiando contudo do tempero... Já recompostos, prosseguimos o roteiro cultural pela baixa lisboeta. À saída do metro, outro pequeno momento de desorientação (a falta de hábito é tramada), corrigido a tempo, o que nos levou até à Brasileira. Daí fomos até ao largo Rafael Bordalo Pinheiro, descendo até ao elevador de Santa Justa. Lá chegados, curiosos por saber o preço de uma viagem, verificámos que a bilheteira se encontrava fechada, mas nem tudo estava perdido, uma vez que um papel indicava a Praça da Figueira como salvação para comprar bilhetes. Avançámos então até lá, para novamente nos depararmos com outra bilheteira fechada e mais um papel a apontar, desta vez, para a Casa da Sorte. Sorte nem vê-la, já que a loja se encontrava fechada. Desistimos da ideia e optámos por uma vista mais térrea. Passámos pela igreja de S. Domingos, Coliseu dos Recreios, Politeama, Hard-Rock Café e ainda pelo Teatro Nacional D. Maria II. Ao descer os Restauradores demos de caras com o famoso Emplastro. Do Rossio, partimos, pela Rua Augusta, ainda a tempo de gozar o Sol e a claridade que se faziam sentir, até ao Terreiro do Paço, onde já extenuados, estreámos a estação de metro. Mudança de linha na Baixa-Chiado e, para não variar, mais um engano, agora com proporções consideráveis. De facto, nunca me dei bem com aquela estação… Sem mais sobressaltos, regressámos, por fim, a casa…

I can’t remember anything else…

3 comentários:

Anônimo disse...

I can remember something...
Faltam aí mais dois momentos de (des)orientação!

Afinal...
"O que seria de mim sem ti?", numa proporção invertida, obviamente! ;D

Anônimo disse...

A tua escrita matizada assemelha-se a um quadro.

NinjaDasCaldas disse...

Não compreendo o porquê de tanta desorientação! :p

Deve ser da cidade...