segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Primeiras impressões

23h35. O voo parte da Portela com 20 minutos de atraso. Destino Luanda. Descolagem tranquila, nem se notou o avião a desprender-se do solo. Poucos minutos volvidos, servem o jantar (o segundo do dia), opto pela carne com arroz de cogumelos. Não foi propriamente um acepipe, mas também não envergonhou. Destaque para a entrada de patê de frango, simplesmente intragável. De barriga cheia, confirmo a primeira impressão que tive quando entrei no A320: as pessoas de cor contam-se pelos dedos da mão. Detalhe engraçado. Pelo contrário, minutos antes da aterragem, a cor da terra não engana: tijolo vivo e abundante. Na alfândega, os passaportes são entregues ao senhor Januário, que num passo de mágica, regressa com eles carimbados. Logo após, aparece o motorista que nos há-de guiar até ao hotel. Andamos uns bons 200 metros e a partir daí estagnamos. Carros atrás de carros, numa fila contínua para qualquer destino que envolva o centro de Luanda. 1h20 para fazer 9 km’s. Aparentemente normal, dizem. A cidade apresenta-se suja e velha. A caminho do hotel, o cenário não melhora: temos uma estrada alcatroada (em que as faixas de rodagem não estão definidas e são variáveis em tempo real) e à volta temos barracas, algumas em cimento, não raras em chapa e latão, este último constante em quase todos os telhados. É uma imagem desoladora, a mescla de pó sai da estrada, prolonga-se e contamina tudo o resto de forma amorfa. O marasmo mantém-se e acentua-se indiferente à brutalidade do que se presencia. O olhar prende-se em autênticas lixeiras a céu aberto, com as crianças a cirandarem alegremente por lá. Aqui e ali vêem-se militares armados. Para onde quer que se olhe as diferenças são gritantes…

Continuando a crónica, o almoço foi banal mas nem por isso barato, cerca de 15 euros para uma costeleta de porco panada com arroz simples, tudo regado com água. Último registo digno de nota, às 18h15 já é totalmente de noite. Para terminar, espero compor a descrição do que falo com algumas fotos… Até lá, ficam as sugestões das palavras.

4 comentários:

Elsa Gonçalves Francisco disse...

Bolas!
as assimetrias são reais...
e a sua dimensão é assombrosa.

Boa estadia por terras Angolanas!
Bom trabalho!
:)***

Anônimo disse...

Ainda agora começaste e já estás a viajar :)
De facto o relato é muito interessante e acima de tudo real.

Boa estadia companheiro!
Abraço.

Anônimo disse...

Leio as tuas palavras sentidas que nos transportam para outra realidade e nos fazem pensar.
Porquê?
Nunca deixes de te interrogar.

Gammal

Anônimo disse...

Nada como viajar para conhecer outra realidade. E essa é sem dúvida, bem diferente das que já conheces...
Beijos,
Any